quarta-feira, 14 de julho de 2010

Goiás regencial

Goiás fora uma província extensa e isolada. Um dos motivos era a precariedade das estradas. De acordo com Palacin a via fluvial, e outros caminhos eram proibidos como forma de conter o contrabando do ouro. José Rodrigues Jardim relata á assembléia legislativa provincial em 1841 as providencias para o melhoramento das pontes, desejando alguns recursos para tal. O correio apresenta algumas falhas principalmente nos tempos de chuva.
Nesse mesmo relatório Jardim informa sobre a deficiência da mineração. Após a década de 1750 teve início o declínio da mineração goiana. Este se regodija com o que teria sido a decadência aurífera de Goiás. Sendo importante ressaltar a visão de Chal sobre o conceito decadência. Embasado em estatísticas e relatórios de viajantes. O autor questiona esses conceito, em primeiro o período aurífero de Goiás não fora muito extenso. Em segundo os viajantes tinham uma visão muito negativa da província, colocando-a como atrasada, com péssimas estradas, a população vista como preguiçosa. Para Chaul esses viajantes estavam carregados de visões europetizadas, não sabendo respeitar e compreender os limites e as condições da sociedade goiana.
“ Os viajantes, que passavam por Goiás com seus olhares repletos de progressos europeus, conseguiam vislumbrar a decadência comum a todos, imagem gravada como se fosse a memória de um povo, como se fosse a realidade vivida por todos e não como se fosse o desejo do que não viam: a imagem do progresso invertida na janela do tempo.”
Por outro lado Jardim demonstra acreditar no Império, vendo no caminho fluvial uma saída. Durante o apogeu do ouro as autoridades viam em caminhos fora da estrada real e inclusive em meios fluviais o risco do contrabando. A liberação ou não do caminho fluvial foi uma acirrada descusão por muito tempo. Sendo só a partir da década de 1780 a sua legalização.
A civilização indígena merecera demasiada atenção das autoridades. O tratamento dado aos índios goianos não fora diferente dos índios litorâneos do século XVI: “ocupação das terras dos índios, escravização dos mais pacíficos, choques intermitentes com as tribos indômitas, aldeamento de pequenos grupos que definhavam rapidamente no regime de semi-cativeiro, cruzamentos raciais, sobretudo através dos índios cativos, degeneração e afinal extinção dos índios.” Palacin (94). No sul os ataques indígenas estavam apenas na memória, porém no norte a realidade era bem distinta. Para muitos o índio era visto apenas como um escravo potencial, que deveria ser derrotado para haver a ocupação de suas terras. A população local desejava atacar as aldeias indígenas, porém as autoridades apenas liberavam em caso de ataque, ou seja só seria permitida os ataques defensivos.
“A civilização dos índios deve occupar muito a vossa attenção; os meios da força, tem produsido o mão resultado, que vos sabeis, e muitos dos nosos comprovincianos, o tem experimentado; a força so deve servir para os conter, e repelir, caso sejamos aggredidos...” Jardim ( página 198)
Essa sitação deixa clara a posição, pelo menos o que a coroa desejava passar, do tratamento dado aos índios. Porém aspectos como o respeito á cultura indígena são ignorados, uma vez que o bem dos índios era visto através da cristianização dos nativos e instrução nas normas da vida “civilizada”. Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, ficara mais difícil proteger os indígenas e realizar os ideais cristãos europeus.
Questões como saúde e educação são bem discorridas por Jardim aos membros da Assembléia. “ A instrução Publica progride na Província já por toda a parte se encontrão meninos que sabem ler, escrever e contar com perfeição;” Fala com empolgação sobre as aulas de francês, latim e gramática. Havendo também informação sobre aulas para meninas com a orientação de uma D. Anna Franscisca Rocha e Natividade.
O caráter cultural da civilização goiana pode ser expressada por Jardim através da pacificidade, no qual esse seria o motivo da falta de violência, mesmo com falta de Companhias. Temos a visão do Palacin na qual evidencia a falta de interesse tido pela lavoura, principalmente no início da mineração, tanto pela população, quanto autoridades. Os segundos viam na agricultura um empecilho para a atividade mineiradora. E ser mineiro era status, deve-se lembrar que mineiro não é o trabalhador, e sim o dono da mina. Além do mais o trabalho seria visto como “coisa de escravo”, dessa perspectiva trabalhavam o suficiente apenas para viver. Com a decadência da mineração o governo passa a incentivar a agricultura. Essa visão de inércia é apresentada principalmente pelos viajantes, como fora citado antes, com suas visões europetizadas que tinha dificuldade de ver os limites sofridos pela população.

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